Você já se perguntou qual o real significado de Inovação? Inovação e Inovação Tecnológica são sinônimos?
Toda vez que converso com executivos sobre inovação ouço algo como “usar tecnologias para modificar modelos de negócios” ou “mudar processos internos pelo uso de tecnologia” ou ainda “… nossa inovação tecnológica…”. Mas será mesmo que inovar necessariamente passa pela utilização de tecnologia? Será que o processo de inovação tem que, obrigatoriamente se iniciar pela escolha de uma tecnologia para funcionar?
A minha experiência me diz que normalmente quando uma empresa “descobre” que quer (ou precisa) inovar, a primeira coisa que vem à mente dos gestores é tecnologia. E esse processo, por princípio está equivocado…
Primeiro, vamos entender o que significa inovar.
O dicionário Michaelis apresenta as seguintes definições para inovar:
1. Fazer inovações; introduzir novidades
2. Produzir ou tornar algo novo; renovar, restaurar
Já o primeiro registro formal do uso da palavra inovação data do meio do século 15 (em livros na língua inglesa), como “innovacion”, com o significado de “restauração, renovação” e derivando do Latim: innovationem (forma nominativa de innovatio, que por sua vez era um substantivo de ação do particípio passado do verbo innovare – mudar, renovar), derivando de “in” (ação) e “novus” (novo).
O significado “uma nova mudança, uma variação experimental, algo novo introduzido no padrão estabelecido” data de 1540.
Naturalmente, nas últimas décadas a presença dessa palavra aumentou significativamente, como pode ser comprovada pelo gráfico a seguir do aplicativo NGRAM Viewer do Google Books (cocheça a ferramenta aqui).
Presença da Palavra innovation em livros de língua inglesa
Em 1930 Joseph Schumpeter, define inovação como:
- Introdução de um novo produto ou modificações trazidas para
um produto existente; - Um novo processo de inovação em uma indústria;
- A descoberta de um novo mercado;
- Desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matérias-primas;
- Outras mudanças na organização.
Em 1954, Peter Drucker faz uma declaração corajosa (e uma das minhas preferidas). Para ele, uma empresa tem apenas 2 funções básicas: Marketing e Inovação.
Nas décadas seguintes, diversos autores tratam do tema, mas no começo dos anos 90, (1991) Davenport define inovação como sendo o ato de “Concluir o desenvolvimento de uma tarefa de uma maneira radicalmente nova”.
Essas 3 definições somadas a ansiedade por resultados imediatos, explicam, de certa forma, a evolução da compreensão de inovação e a verve atual pela forma de inovar de maneira “disruptiva“, uma vez que fazer algo completamente novo, que gere resultados imediatos necessitará, sem sombra de dúvida, do auxílio de ferramentas tecnológicas, a tal “inovação tecnológica”.
Acontece que a literatura mostra que existem diferentes tipos de inovação e nem todas são “disruptivas” ou se apoiam obrigatoriamente em ferramentas tecnológicas.
De forma bem simplista, a literatura apresenta as Inovações Técnicas, Administrativas, de Processos e Produtos/Serviços, podendo ser classificadas como Radicais (ou Criativas/Disruptivas) ou Incrementais (ou Adaptativas/Adotivas). Boa parte delas, estão localizadas DENTRO da empresa (ou cadeia produtiva), mas todas visam BENEFÍCIOS PARA O CONSUMIDOR seja direta ou indiretamente. E esta é o ponto central! GERAR VALOR !!!!
Tipologia da Inovação

Gerar valor e colocar o consumidor no centro da operação, aliás, é o “mantra” de todas as empresas que você considera inovadoras.
O Design Management Institute, criou há algum tempo, um índice que comparava a evolução do valor das empresas que o compunham com o índice S&P da Bolsa de Nova York e comprovou que “colocar o consumidor no centro das operações” dá muito mais resultado do que manter as operações “inside out”.
Por diversos motivos o índice parou de ser atualizado em 2014, mas eu fiz um atualização até Dezembro de 2019, mantendo os critérios da DMI (que podem, claro, ser criticados), inclusive as empresas, e pode-se ter uma boa ideia do que estamos falando. O índice, chamado de Design Value Index (DVI) considera empresas como Apple, Target, Starbucks, Nike, Disney, P&G, entre outras, que segundo a empresa, atendem os padrões que eles consideram mínimos para dizer que utilizam os conceitos de Customer Centricity.
Design Value Index X S&P Index
Esses resultados falam por si e podem servir de argumento para os gestores investirem mais em inovação, do jeito correto, tendo o apoio do Board e dos investidores, reduzindo (ao menos, em parte) a pressão por resultados imediatos.
A inovação tecnológica, então deveria ser chamada de inovação de valor!!
E por falar em “jeito correto” e resultados, Qual o jeito certo de inovar e quais métricas usar para medir o processo de inovação?
Essas são as perguntas que pretendo abordar no próximo post. Fiquem ligados!