Rodrigo Tafner

Transformação de verdade.

Inovação: Roadmap

Roadmap da Inovação

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on print

Continuando a série sobre inovação, vamos falar hoje sobre qual o “jeito certo” para inovar, um Roadmap de Inovação.

Existe de fato, uma forma correta para inovar em seu negócio? A resposta não é tão simples, mas “sim” e “não”.

Como vimos no primeiro post (O que é inovação?), a inovação deve, como princípio, adicionar valor à sua oferta (produto ou serviço) aos olhos do consumidor, seja direta ou indiretamente. Então sim, há uma forma correta para inovar: Colocar o consumidor no centro da inovação!

Agora, se considerarmos que cada negócio tem um modelo diferente e específico e é exatamente isso que o diferencia, então “não”, não há uma forma única, uma receita de bolo para inovar e ter sucesso.

Por outro lado há frameworks que podem ajudar no processo criativo e de acompanhamento de inovações, que os fanáticos por anglicanismos chamariam de “dos” e há certamente ações e processos que devem ser evitados, os “don’ts”.

Vamos começar pelo que fazer, então.

NO PAIN
NO GAIN

no pain no gain
Foto de Moose Photos no Pexels

Se a grande motivação para a inovação é gerar VALOR para o CONSUMIDOR, então a primeira coisa que temos que entender é: Qual a “dor” desse consumidor? O que estamos fazendo de errado ou o quê podemos fazer melhor?

Nesse sentido, a frase originalmente cunhada para simbolizar o processo de ganho de musculatura para os halterofilistas, ganha um novo significado, mas absolutamente pertinente.

De fato, isto não é um processo fácil e pode “magoar” muita gente, especialmente aqueles com muitos anos de empresa e cujo lema é “SFA” (Sempre foi assim).

Veja alguns exemplos simples: Por quê eu tenho que digitar o meu telefone FIXO para criar uma conta em um site de download de imagens gratuitas na internet? Será que alguém vai me ligar no FIXO para confirmar o download gratuito ?

Ou porque os cartões de visita têm o CEP? Será que ainda se mandam cartas para as pessoas que conhecemos profissionalmente?

Uma vez, logo que me mudei para uma outra cidade, tive que contratar uma operadora de TV a cabo e queria ter o tal “combo”, para ter além dos canais de TV, internet e telefone FIXO. Advinha qual campo era obrigatório para a contratação desse serviço ??? Telefone FIXO ! Eu não acreditei e liguei lá, mas a atendente disse que sem um número de telefone FIXO, não era possível contratar! Sabe quem ofertava telefone fixo? A concorrente, que também tinha internet e tv cabo. Contratei tudo nessa última!

Esse tipo de “trava” é muito mais comum do que você pode imaginar e certamente são responsáveis por retardar a inovação nas empresas, pode apostar! Tenho certeza que se você parar um pouco para pensar nos processos da sua empresa, não vai levar mais do que 5 minutos para identificar algo parecido.

Agora se coloque no lugar do seu consumidor. Qual a relação dele com o seu produto? Ele compra por falta de opção, por que é mais barato, por que é melhor, por que é mais perto, por que os amigos dele todos têm, por que ele sempre teve esse produto em casa, enfim, o que ele ganha com o seu produto?

Depois tente identificar todos os pontos de contato que ele tem com a sua marca. Há fricções? Será que ele é reconhecido como seu consumidor? Ele sente que sua marca e ele têm algo em comum?

Muitas vezes responder essas perguntas pode pôr luz em questões que não são interessantes para os gestores. 

 

Conflito de Gerações

No Brasil, os CEOs têm a média de idade variando entre 55 e 62 anos (dependendo da pesquisa a que você tiver acesso), mas vamos arredondar para 58. Esses gestores nasceram em uma época em que o tempo passava mais devagar (o rádio era o principal meio de comunicação, mas já estava no processo de transição para a TV – preto e branco, depois viram as transmissões em technicolor. Tinham 20 anos quando foi lançado o primeiro PC no mercado, mas geralmente só tiveram seu primeiro contato com ele depois dos 30 anos e quando o iphone foi lançado, eles eram quarentões. Não é uma questão de idade simplesmente, é de mindset, de cultura, de formação. Há muitos exemplos de pessoas com 70, 80 anos, que têm um mindset de curiosidade, são flexíveis, adaptados aos tempos em que vivem. Mas a verdade é que isso não é o padrão.

A cultura dessa geração era de receber e aceitar a vida (e os produtos) como ela era. Ou seja, se tinha que ir ao ponto de táxi (ou esticar o braço) para se conseguir transporte, adiava-se a viagem para não perder o último episódio de um determinado programa de TV, esperava-se uma semana ou mais por um orçamento simples, entre tantas outras coisas que eram o comum. Ninguém se estressava com isso. Era uma vida analógica!

Claro, que se pode questionar se o frenesi dos dias atuais é melhor ou pior do que nessa época, mas esse não é o ponto aqui. O consumidor que está no auge do consumo é completamente diferente. Ele já é da geração dos videogames, do celular,  da internet. Ele é Digital! Seu mindset é digital! E isso muda todo o jogo. (Falarei mais disso em um post específico) 

Nesse sentido, analisar a Jornada do Consumidor (há vários frameworks disponíveis para auxiliar nessa tarefa disponível na internet), entender as suas dores, SOB A SUA ÓTICA (do consumidor) é o primeiro passo para romper essa barreira geracional e entender como adicionar VALOR à sua oferta e inovar do jeito certo.

DESIGN
DESIGN
DESIGN

design thinking
Foto de Pixabay

Outra boa prática, que certamente facilitará o processo, é se utilizar de ferramentas de Design Thinking para gerar a Proposta de Valor correta e depois prototipar uma solução.

Muitas pessoas, eu inclusive durante muito tempo fiz isso, confundem Design Thinking com Post-its coloridos numa parede de vidro que pouca utilidade tem, a não ser como decoração. A verdade que, como o nóme já indica, DT é muito mais uma forma de pensar, um mindset, por assim dizer, que coloca o usuário/consumidor/cliente como foco do desenvolvimento. É a materialização do que chamamos de “Consumer Centricity”. Usar ou não Post-its, vai depender da técnica que você utilizar e de quanto você gosta da 3M ! 😉

É aqui que muitos dos termos “hype” do momento se unem: Iteração (foco do Agile), Colaboração, Town Hall, Ideação, Prototipagem, etc, etc, etc. A verdade é que são muitos os processos que podem/devem ser utilizados para tentar chegar a uma Proposta de Valor real e relevante, por que definitivamente, esta não é uma tarefa fácil ou trivial. O importante é ouvir o que os seus clientes/usuários estão dizendo, por mais que isso seja muitas vezes frustrantes (sua grande ideia pode não ter relevância nenhuma para eles) e refazer todo o processo, até ter algo minimamente sólido.

David Kelley, um dos ícones do Design Thinking, definiu uma metodologia básica para esse processo, que é fundamental para quem quer começar a “navegar por esses mares”. Uma descrição bem interessante pode ser lido neste post no Medium.com

Um outro framework interessante é o desenvolvido pela empresa Frogdesign. A empresa, chamou a atenção de Steve Jobs e foi responsável pela linguagem de design da linha  de computadores Apple IIc, em meados dos anos 80. A sua metodologia fluida permite a exploração de idéias em um formato não linear. Você pode baixar este PDF com o detalhamento da metodologia, diretamente do website da empresa.

Uma outra metodologia bastante conhecida é a que foi desenvolvida pela equipe da Darden Graduate School of Business – University of Virginia, liderada pela então professora (hoje diretora) Jeanne M. Liedtka. A metodologia é bastante completa e é largamente utilizada em escolas e empresas no mundo todo. Neste endereço você pode entender melhor os processos e se ficar interessado, pode comprar o artigo com o detalhamento da metodologia por US$ 7,00. Há também um livro com a descrição que vou colocar na área de dicas do site.

Simplificação da Metodologia Darden
metodologia Darden
Fonte: Darden Graduate School of Business – University of Virginia

AVALIAR
IDEIAS

balança
Foto de Andreas N por Pixabay

Agora que você já sabe como adicionar valor para seus clientes, pode começar a preparar o caminho para a inovação. Antes, porém você vai precisar saber quais “ingredientes” serão necessários para sua “receita”. Quais recursos (humanos, técnicos, financeiros) você irá precisar para “tocar” cada uma das ideias? Quais você já tem “em casa”? Quanto tempo você vai precisar para conseguir TODOS esses recursos?

Pode, por exemplo, ser necessária a contratação de profissionais especializados e isso toma tempo.

Pode ser fundamental a utilização de uma ferramenta tecnológica que sua empresa não tem ou não domina, e isso exigirá pesquisa, negociação, aquisição (ou aquisições), treinamento e/ou mudança de cultura na empresa (este aliás, é um tema tão importante, que será objeto de outro post)

Quanto é que tudo isso vai custar? Minha empresa está preparada para essa jornada? O Board, os gestores e os funcionários vão “comprar” essa ideia? Quais os riscos envolvidos?

Tudo isso deve ser considerado, ANTES de iniciar o processo de inovação, pois para cada uma dessas questões, deverá haver um plano de ação (provavelmente, de ações – no plural) que terá que ser minuciosamente detalhado para que a inovação tenha sucesso.

Essa avaliação poderá levar ao descarte de algumas ideias ou ao menos ao adiamento delas. Talvez seja necessário “preparar o terreno” antes de implementá-la.

Há ferramentas para ajudar nesse processo? Sim, sem dúvida. As grandes consultorias têm toolkits disponíveis para seus clientes (geralmente a preço de ouro), mas basicamente o que você vai precisar é estruturar uma avaliação baseadas em variáveis (que são as perguntas), pesos (que ninguém melhor do que você para atribuir) e muita pesquisa (interna e com os stakeholders envolvidos), além claro de boas doses de paciência, determinação e negociação. 

Versões adaptadas de um Balanced Scorecard (BSC), pode ser uma boa dica para desenvolver a sua própria matriz de avaliação.

 

MEDIR
&
ITERAR

medir e iterar
Photo by Dora Mitsonia from FreeImages

Esta é uma das partes mais importantes da inovação e também uma das mais desafiadoras.

O grande problema em medir a inovação é que fatalmente utilizamos métricas conhecidas para medir o desconhecido. Uma grande característica da inovação é ser, como já vimos, nova. O problema é que sempre utilizamos nosso repertório passado para definir o futuro. 

Não sou eu quem afirma isso, é a neurociência. Há estudos médicos com pacientes que perderam a parte do cérebro responsável entre outras coisas, pela conexão de memórias, pela memória recente e pelo processamento de sentidos, que se tornaram incapazes de “prever” o futuro.

Como seres humanos, baseamos nossas expectativas no que já vivemos. Isso é da nossa natureza biológica. Faz parte do instinto de preservação. Essa característica nos fez sobreviver aos séculos e dominar o planeta como espécie, mas é um grande obstáculo à inovação, na medida em que nos limita a capacidade de conviver com o novo, entendê-lo e principalmente, medí-lo.

Este tema é tão interessante, que também será objeto de outro post específico, mas por enquanto, basta dizer que para definir métricas sensatas para a inovação, a forma mais óbvia, é medir, não a inovação em si, mas o VALOR que ela se propõe a adicionar.

Medindo o valor, teremos um termômetro bastante razoável do sucesso da inovação, mas como a inovação é dinâmica e muitas vezes, ao longo do processo teremos que “voltar à prancheta” e redesenhar a inovação para adequá-la às dores dos clientes/usuários (e isso é o processo de iteração – foco da metodologia Ágil), as métricas devem ser constantemente reavaliadas, quanto à sua capacidade de realmente medir o VALOR.

Então, meça o VALOR, não a INOVAÇÃO!!!

Fiquem ligados nos próximos post. Vou procurar abordar os temas que prometi neste post: Biologia do Status Quo : Conflitos Geracionais na Inovação, Obstáculos Culturais da Inovação e Medindo o Futuro pelo Retrovisor.

Explore mais

capa artigo zoom

Um zoom no ZOOM

Em meio ao aumento exponencial de reuniões virtuais, surgem dados sobre vulnerabilidades e ataques ao Zoom que preocupam quem precisa usar a

Deixe um comentário